14 outubro, 2016

Volta Passos, estás perdoado...

Bem excedi-me no título. Até porque nenhum primeiro-ministro deixa saudades, tenha sido ele, bom ou mau no exercício das suas funções. E ainda por cima este que vinha com um caderno de encargos duríssimo que nos deixou a todos não só mais pobres mas, e pior de tudo, a olhar para o futuro com amargura e incerteza...
Mas esta gerigonça que percorre o pais vinha com ares de carro top de gama, todo armado ao pingarelho! Que isto agora é que vai ser! Os ricos vão ficar de tanga e os pobres vão ficar ricos! Conversa da treta!. As tangas do costume! E que isto vai dar uma volta e que agora é que é! A esquerda toda junta ia devolver ao portugueses tudo e mais um par de botas! Feio, muito feio! Feio porque as pessoas acreditaram, foram levadas em erro, vendendo-lhes a ilusão de que a crise tinha acabado. Sim, porque ainda há quem acredite no pai natal! Adultos, portanto. Não se pode devolver, distribuir o que não se tem. Nada surge por acaso, do nada. Tudo se constrói, a pouco e pouco, com muito esforço.
E porque eles sabem, os políticos e quem governa sabe e nós também, ainda que nos tentemos enganar a nós próprios, as ordens vem de fora. O caderno de encargos vulgo orçamento geral de estado (OGE) só passa com o aval da União Europeia. A discussão do orçamento no parlamento é um peça de teatro, onde tudo é combinado, ensaiado, distribuídos os papéis de quem vai brilhar, de quem vai defender o quê, de quem vai aparecer no jornal da noite, que partido devemos uns trocos no final do mês.
Bem sei que nenhum partido ganha eleições a dizer a verdade. Se não prometer, não vence. E o importante é vencer. Depois de lá estar logo se vê! Mas é feio! É feio porque saímos duma crise que deixou muitos à mingua. E esses ganharam expectativas que não têm a médio nem a longo prazo possibilidade de se concretizarem.

Tenho a certeza que a gerigonça vai avançar até fim da legislatura. Que não hajam dúvidas! Cada peça que cair, se o motor avariar, se até o combustível faltar, haverá sempre vontade de o manter a andar. Custe o que custar! E porquê? Porque há partidos que sabem que num futuro próximo não terão outra oportunidade de governar. E a solução de manter a gerigonça a circular passa pelo teatro, fazer de conta, entreter...