A minha vida tem estados, em tudo igual aos estados do mar.
Por vezes embalada nas pequenas ondas, aquecida pelas suas águas quentes, onde nado livremente sem receios, sem medos, sem percalços, em mergulhos aconchegantes. E ao meu lado, todos nadam como eu, sem pressas, contentes e a viver o mar, todos.
Mas, do nada, o mar vira, a água já corre fria e o corpo desperta, reage. As ondas do mar agitam-se, tornam-se mais bravas, atrevidas e eu acordo, defendo-me, fico alerta, mais atenta.
E depois vem a onda, mais forte, poderosa que nos arrasta para a areia, que arrasa tudo e todos, aos trabalhões. Sou apanhada desprevenida, não contava. Nem consegui medir a temperatura, nem criar defesas, já não vou a tempo de fugir dela. Como vence-la? ........Esta onda não é para vencer, não é possível porque já me derrotou, deixou-me vazia, sem reação e mostrou-me o quão sou pequena à vista da fúria do mar. Conseguir ficar à tona de água já é suficiente. Deixar a onda passar é o melhor a fazer.
E a seguir a bonança, o mar acalma e volto a erguer tudo o que a onda destruiu, como um puzzle. As ondas quase que desaparecem e lá vou eu de novo mergulhar, abraçar as águas quentes e que bem que sabe, que bom que é e vou aproveitar...
O mar é natureza, eu sou natureza, tudo se encaixa.